


Afinal de quem é o papel da educação sexual?
"Crianças muito pequenas querem saber como nascem os nenês ou como eles vão parar na barriga de suas mães"
Dos pais ou da escola? Na verdade, tanto a família como a escola desempenham uma importante função no que diz respeito a este assunto. Segundo a psicóloga Edyleine Benzick, a família tem o seu papel na orientação sexual já que os filhos, desde pequenos, devem receber orientação de seus pais sobre como é o corpo dos meninos e das meninas, estabelecendo-se as diferenças. "Crianças muito pequenas querem saber como nascem os nenês ou como eles vão parar na barriga de suas mães.
Nesse momento, pode-se falar, de forma clara e tranqüila com uma linguagem acessível, como os nenês nascem e como vão parar na barriga da mãe. Toda a curiosidade deve ser esclarecida, na medida em que a criança solicita, nem a mais, nem a menos", explica ela
Para a psicóloga Denise Arisa dos Santos Dias, alguns pais têm dificuldades ao tocar sobre assuntos relacionados à sexualidade porque muitos não receberam educação sexual. O conselho para enfrentar esta tarefa é tentar não passar preconceitos e conversar com naturalidade sobre o tema.
Muitos pais preferem não tocar no assunto sexualidade, passando uma mensagem de que isso não existe. Acreditam que se não falarem seus filhos vão imaginar que não devem tocar no assunto ou ainda que, se falarem, poderão estimulá-los para a sexualidade. Estratégia errada, diz Edyleine. Para ela, é importante que os pais tenham uma noção básica do desenvolvimento de seus filhos, das curiosidades que podem surgir e de como poderão esclarecêlas. "É falsa a crença de que se não falarem em sexo, seus filhos não pensarão nele e, portanto, não vão querer experimentar. A sexualidade existe e é inerente a todo ser humano. Cada fase do desenvolvimento psicosexual há uma curiosidade e uma situação a ser trabalhada", revela.
Não há uma idade certa para que os pais comecem a falar sobre sexualidade com seus filhos. Eles devem responder às perguntas das crianças, mas somente se ater ao que foi perguntado. "As crianças mostram a hora certa para falar sobre cada tema através de suas dúvidas, o importante é manter este canal de comunicação sempre aberto", afirma Denise.
É válido lembrar que um bom diálogo pode ajudar os filhos a serem mais felizes nas suas opções sexuais e nos seus relacionamentos amorosos, já que eles vão conhecendo melhor os seus sentimentos, suas vontades e seus limites.
A escola também tem um papel importante, na medida que deve complementar a orientação sexual, previamente dada pelos pais em casa. "Complementar e reforçar, através de dados mais técnicos, abrindo espaço para esclarecimentos de dúvidas", sugere Edyleine. A escola, segundo Denise, é o lugar propício para debates, "pois todos estão com a mesma idade e passando pela mesma fase, podendo trocar experiências e dúvidas com a orientação de um educador".
Apesar de toda essa importância, a educação sexual, muitas vezes, não é encarada com a seriedade que merece e representa para muitos ainda um tabu. "Minha experiência em consultório mostra que a escola joga a responsabilidade da educação sexual para a família e vice- versa, pois todos tem ainda muita vergonha para falar sobre o assunto e dar nomes as coisas. O ideal é nunca isolar o tema sem levarmos em conta os sentimentos e os relacionamentos pessoais", afirma Denise.

